sábado, 18 de agosto de 2012

O SEPARATISMO, ADVERSÁRIO DO INTEGRALISMO


Sérgio de Vasconcellos.
Ao longo de toda a História do Brasil, forças centrípetas e centrífugas sempre se fizeram sentir. As centrífugas, isto é, aquelas que tendem a desunir o Brasil, a destruí-lo, são internas e externas.

O separatismo é um dos mais perigosos inimigos do Brasil e um dos piores adversários do Integralismo. É uma das forças centrífugas da História do Brasil. Mas, apesar de seu caráter interno, todas as vezes que se manifestou em atos, teve vigoroso apoio de Potências Internacionais, interessadas em destruir a nossa coesão nacional.

O Integralismo posicionou-se contra o separatismo desde a sua Fundação, como se pode constatar no Manifesto de Outubro.

O separatismo aproveita-se dos momentos mais graves de crise nacional, como esse que estamos atravessando, para, através de argumentos econômicos, sociais, políticos e sentimentais, insuflar e difundir sua ideologia anti-Brasil. O Capitalismo Financeiro Internacional custeia essa propaganda, inclusive, financiando “estudos” que demonstram “cientificamente”, que será melhor para todos os Brasileiros, que o Brasil, como o herdamos de nossos antepassados, desapareça do cenário político mundial, dando lugar a meia dúzia de nações nanicas, mas, “prósperas”. Muitos Brasileiros - poucos, felizmente - deixam-se embair por esse canto de sereia.

É comum, também, que os separatistas apelem para exemplos da História Mundial recente, como a Tchecoslováquia, a Iugoslávia e a extinta União Soviética. Ora, esses exemplos não têm qualquer analogia com o Brasil, afinal somos uma SÓ NAÇÃO, desde a Independência. Enquanto que a Tchecoslováquia e a Iugoslávia foram Estados criados artificialmente pelas Potências Ocidentais, após a 1ª Guerra Mundial. Com o fim do Totalitarismo Marxista nesses Estados, as várias nacionalidades que os compunham, finalmente, puderam se auto-determinar, isto é, criaram seus próprios Estados Nacionais. Com a Rússia deu-se o mesmo, com a “débâcle” do regime Totalitário Marxista, diversas Nações que até aí estavam escravizadas, libertaram-se e fundaram seus Estados Soberanos. Como se vê, nada parecido com a nossa História, não existindo qualquer analogia possível que justifique o separatismo de alguns poucos maus Brasileiros.

Reconheço que o separatismo é um fenômeno de dor: Diante do aterrador quadro da miséria que se alastra avassaladoramente por toda a Nação, inúmeros Brasileiros, pressentindo que a crise se abaterá sobre os seus, que a pobreza aproxima-se com todo o seu cortejo de iniqüidades, tomados, possuídos pela dor e pelo medo, esquecem-se dos
vínculos de solidariedade nacional que deveriam unir todos os Brasileiros nos momentos de crise, e propõem como remédio aos problemas nacionais, secionar o País, dividi-lo, esquartejá-lo - o quinto País em extensão territorial, o quarto em área contínua, o primeiro em ecúmeno -, acreditando que a fonte dos nossos problemas são áreas nacionais hoje empobrecidas, que o restante da Nação têm que carregar nas costas. No entanto, esquecem-se esses Brasileiros separatistas que, outrora, essas áreas hoje depauperadas eram as principais produtoras de riquezas para o Brasil, e que transferiram muita renda para todas as regiões do País, esquecem-se que os Brasileiros que vivem nessas regiões são as grandes vítimas da situação e não os criminosos... Mas, então, quem são os responsáveis? As oligarquias que governam o Brasil e que teimam em manter um regime inadequado à realidade nacional e totalmente divorciado dos interesses do nosso Povo. Infelizmente, os Brasileiros separatistas, portam-se com os demais Brasileiros, como um indivíduo egoísta, que vendo um outro tombado na calçada, passando mal, simplesmente vira as costas e afasta-se rapidamente, pensando com os seus botões: isso não é problema meu...

O separatismo não é solução para os problemas nacionais, é um suicídio. Julgo muito mais acertado que sejam examinadas novamente as propostas de re-divisão territorial do País, isto é, aumentar o número de Estados, mas, dentro de critérios rigorosamente científicos, como os propostos por um autêntico Integralista, o Prof. Everardo Backheuser, Pai da Geopolítica Brasileira. O aumento do número de Estados, com a extinção de todas as unidades federadas hoje existentes traria ainda como uma de suas conseqüências benéficas, a destruição lenta e gradativa de todos os pruridos regionalistas e bairristas, que são um permanente caldo de cultura do separatismo.

O separatismo, na verdade, vai ao encontro dos interesses do Capitalismo Internacional, que outra coisa não deseja que a extinção do Brasil, a sua transformação em meia dúzia de republiquetas caricatas, como ele conseguiu fazer com a América de fala espanhola, frustrando os planos de Bolívar para a unidade continental da América do Sul. Esta, que teve um passado colonial de fausto, hoje está fragmentada, dividida em algumas meras repúblicas das bananas, onde os estadunidenses mandam e desmandam. Felizmente, no alvorecer da sua independência política, o Brasil teve um estadista do quilate de Dom João VI, que contrariou os planos da maçonaria e do Banqueirismo Internacional, e por isso é tão vilmente caluniado e reduzido a mero gordalhão, comedor compulsivo de franguinhos e inimigo nº1 do banho...

A internacionalização da Amazônia e o restante do País retalhado em quatro “nações” - tudo com o apoio da ONU e seu conceito “sui generis” de auto-determinação, que vimos pelas intervenções estadunidenses na Bósnia, no Iraque, no Afeganistão, etc., o que de fato significa... - é o grande projeto do Banqueirismo Internacional para o Século XXI. Para controlar militarmente a colcha de retalhos que será a América do Sul - uma vez que o Brasil esteja esfacelado -, os EUA instalou, em 2008, uma poderosíssima Base Militar no Paraguai, coração geopolítico do continente, com a cumplicidade criminosa do atual governo de Assunção, que com esse gesto de traição hipotecou não só o futuro do Paraguai como Nação soberana, mas, o de todas as Nações Sul-americanas. E, agora, vai os EUA se instalando na Colômbia, para garantir militarmente que a internacionalização da Amazônia pela ONU seja obedecida.

Todavia, o separatismo não vingará no Brasil, pois, o Integralismo e as demais forças centrípetas ainda atuantes saberão manter a unidade nacional. Todos os projetos anti- Brasil, internos ou internacionais serão derrotados pelo Sigma.

O Integralismo, a mais orgânica e legítima das Forças Vivas da Nação, a mais telúrica das forças centrípetas de nossa História, continuará em sua Marcha através do futuro, pois, com ele, marcham a Consciência da Nação e a Honra do Brasil.

MAS E SE O BRASIL FOSSE DIVIDIDO EM VÁRIOS PAÍSES?

Essa região, com população esparsa e um imenso potencial econômico, poderia ser prontamente invadida pelos vizinhos que, hoje em dia, respeitam o Brasil – ainda que não sejamos nenhum EUA, somos a nação mais poderosa da América do Sul.
por Raquel Paulino
De cara, o outrora pacífico Brasil entraria em pé de guerra: os conflitos pipocariam com o esfacelamento do poder central. O foco da violência estaria na Amazônia. Essa região, com população esparsa e um imenso potencial econômico, poderia ser prontamente invadida pelos vizinhos que, hoje em dia, respeitam o Brasil – ainda que não sejamos nenhum EUA, somos a nação mais poderosa da América do Sul.
Questões econômicas, políticas e culturais motivariam as uniões e separações mais tranqüilas. “Já há uma estruturação político-econômica que divide o Brasil em regiões distintas”, diz o pesquisador de geopolítica André Roberto Martin, da USP, autor do livro Fronteiras e Nações.
Mesmo numa situação de paz entre as novas nações, seria inevitável uma monstruosa burocracia alfandegária e de imigração para quem transitasse entre elas.
Imagine só: num dos cenários possíveis (veja abaixo), um pernambucano que quisesse ir e voltar de ônibus para São Paulo precisaria passar pelo menos 12 vezes por postos fronteiriços. Isso sem contar a avalanche de pedidos (e convites) de naturalização para montar todas as novas seleções de futebol. No terreno da bola, a já forte rivalidade entre paulistas e cariocas seria tão grande quanto a birra entre brasileiros e argentinos.

Um país em retalhos
O território que hoje éo Brasil poderia se dividir em 10nações independentes
Amazônia Ocidental (sob tutela da ONU)
Capital: Manaus
O Amazonas assumiria seu papel de reserva florestal da humanidade, e a tutela da ONU (e seu contingente de “capacetes azuis”) seria imprescindível para proteger a mata de madeireiros ilegais, ecopiratas, grupos militares e paramilitares, além de criminosos comuns. A elite cabocla amazonense tomaria o poder e, aproveitando a preocupação global com ecologia, se beneficiaria de alianças com o primeiro mundo.
República do Baixo Amazonas
Capital: São Luís
Apesar de estar na região amazônica, a porção norte do Pará e do Maranhão se separaria do Amazonas por ter uma característica muito própria: a floresta pluvial aliada à mineração forte. Apesar de ser menor que Belém, a cidade de São Luís seria o maior pólo econômico da região, já que abriga o porto por onde escoa o minério que chega por trem de Carajás.
Estados Unidos do Cariri
Capital: Fortaleza
As praias na curva norte do litoral brasileiro se tornariam um rico pólo turístico, freqüentado sobretudo por visitantes europeus, que ocupariam os diversos resorts costeiros. Já o interior... A região sertaneja tenderia a ser relativamente despovoada e com atividade econômica pouco relevante.
República Socialista de Pernambuco
Capital: Recife
Eis a Cuba brasileira, com território comprido, capital litorânea e tendência ao socialismo. Palco de revoltas como a Revolução Pernambucana (1817), ela poderia se isolar e virar uma república socialista. Temendo o surgimento de um dublê de Fidel Castro na América do Sul, a Otan ficaria de olho nela.
República do Cerrado
Capital: Brasília
É o império do agronegócio. A região foi ocupada por migrantes dispostos a desbravar e cultivar terrenos gigantescos. Ali fica um bolsão que abriga um mar de soja, além de algodão e muito gado. Resultado: um novo paíscom economia forte em uma geografia parecida com a da Austrália (com pouca população e grande extensão territorial).
Estados Unidos do Sudoeste
Capital: São Paulo
São Paulo e Mato Grosso do Sul se uniriam por terem uma forte ligação agropecuária. Pólo industrial consolidado, esse país poderia ser comparado, em termos de importância para o continente, à África do Sul. Concentraria, ainda, o poderio bélico sul-americano – bastaria adaptar parte do parque industrial já instalado. A República de São Paulo nasceria como um país até grandinho em termos globais, com 40 milhões de habitantes (32º do mundo) e território de 248 mil quilômetros quadrados, pouco mais que o Reino Unido. A economia também seria respeitável: a 2ª economia mais forte da América do Sul, com PIB de US$ 550 bilhões - 60% maior que o da Argentina. Por essas, aliás, alguns paulistas gostam de dizer que seu estado é "a locomotiva do Brasil". E os mais radicais batem no peito dizendo que sustentam o resto do país. Mas não. Vamos por partes: São Paulo é, de fato, o estado que mais contribui em impostos para a União. Em 2008, por exemplo, pagou R$ 207 bilhões e recebeu só R$ 9 bilhões do governo federal para gastar. Uma diferença de R$ 197 bilhões. Mas isso não significa sustentar o país. Estados com PIBs bem mais magros também arcaram com déficits gordos: o Rio pagou R$ 104 bilhões a mais do que ganhou da União. O Distrito Federal, R$ 37 bilhões. Amazonas e Bahia, cerca de R$ 5 bilhões cada um. Na real, só 11 dos 26 estados ficaram no lucro, e quem ganhou mais foi o Tocantins, que pagou R$ 0,4 bilhão de imposto e ficou com R$ 2,3 bilhões. Ou seja: o país tem mais locomotivas do que vagões. E São Paulo é só uma delas. Para ter uma ideia mais clara de como seria esse novo país, temos que pesar dois pontos. Primeiro: um estado paulista independente teria quase R$ 200 bilhões a mais por ano para gastar consigo mesmo. É dinheiro suficiente para elevar os padrões de educação, saneamento e saúde a um grau de primeiro mundo, se bem aplicado. Um belo ganho. Mas a perda pode ser maior. Fazer parte de um país significa ter acesso a todo o mercado da nação sem pagar impostos. Se você planta cana em São Paulo pode vender seu etanol para os postos de gasolina do Mato Grosso, mas não para os dos EUA, que cobram taxas pesadas sobre o álcool. Se o resto do Brasil levantar barreiras assim, São Paulo teria pouco acesso ao mercado de um país que, mesmo sem seu estado mais rico, seria a 14ª maior economia do mundo. Um péssimo negócio. Para os dois lados 


Dois em um 


Brasil e São Paulo formariam países respeitáveis mesmo separados. Mas as perdas para os dois iriam da economia ao futebol. 


Polônia Tropical

São Paulo representa quase 1/3 do PIB brasileiro, que é o 8º do mundo, com US$ 1,6 bilhão, entre a Itália e a Rússia. Sem SP, o Brasil cairia para o 14º lugar, entre México e Austrália. A república paulista, com seu PIB atual de US$ 550 bilhões, ficaria em 18º, logo abaixo da Turquia. No quesito renda per capita, ela ficaria em 50º. Seriam US$ 13 mil anuais por habitante (como na Polônia).


Pré-salinho

As jazidas mais promissoras do pré-sal estão no litoral fluminense. Mas 1/4 dele fica em águas paulistas. Não se sabe a quantidade exata de óleo nesse quinhão. Mas, com sorte, os paulistas conseguiriam tirar algo comparável à produção atual do Brasil, de 2 250 barris por dia, o que faria do país um pequeno exportador de petróleo. 


Churrasco importado

A capital paulista é a cidade com mais churrascarias no mundo: são 140. O apetite carnívoro da república paulista levaria para os açougues o equivalente a 3 milhões de bois por ano. Para manter os churrascos de fim de semana, São Paulo teria de importar pelo menos 1 milhão de cabeças de gado. E o Brasil, que já é o maior exportador do mundo, ganharia um novo cliente. 


País da vitamina C

São Paulo é responsável por metade dos produtos industrializados do país. O novo país exportaria para oBrasil derivados de cana e frutas. A república paulista, por sinal, seria o maior produtor mundial de laranja, uma espécie de reserva global de vitamina C, que hoje exporta US$ 60 bilhões anuais de suco para o resto do mundo.


Mais do menos

O IDH, índice que avalia educação, expectativa de vida e bem-estar social dos países, varia sempre entre zero (um lixo) e 1 (perfeito). O Brasil, 75º colocado no mundo, tem 0,81 (nível Colômbia). Sem São Paulo, cairia para 0,80 (nível Colômbia). E SP ficaria com a 65ª posição (nível Colômbia). Quer dizer: não nasceria como um país de primeiro mundo. 


Seleção tricolor

São Paulo roubaria Luís Fabiano (Campinas) e Robinho (São Vicente) da seleção brasileira, mas não contaria com ídolos que se fizeram no estado, como o brasiliense Kaká. Já na F-1 a vantagem paulista seria grande: dos 6 brasileiros que venceram pelo menos uma corrida, 5 são paulistas. Para a memória do Brasil, sobraria Nelson Piquet, um carioca criado em Brasília.
República Quilombola da Bahia
Capital: Salvador
Raízes históricas e semelhanças culturais e econômicas fariam desse pedaço da Bahia uma espécie de Nigéria americana. Foi dessa região da África que veio a maioria dos escravos – e graças à sua presença, os baianos incorporaram palavras do idioma ioruba (“acarajé”, por exemplo) e o candomblé, além da música e da dança. Assim como na Nigéria, a economia seria baseada em petróleo e cacau. Por conta disso tudo, o novo país se ligaria à OUA (Organização da Unidade Africana) e ficaria de costas para a América.
República Rio-grandense
Capital: Porto Alegre
O forte sentimento regionalista dos sulistas tornaria natural e indolor a separação de Rio Grande do Sul e Santa Catarina dos territórios do norte. A República Farroupilha seria um país de economia forte e população relativamente pequena. A indústria vinícola se aperfeiçoaria para garantir as exportações para o exigente público de Rio e São Paulo.
Março de 1845. Depois de dez anos de combates, os exércitos invasores se retiram definitivamente para o Norte, derrotados no maior dos levantes republicanos que abalaram o Império brasileiro. Bem-sucedidos, os gaúchos rebelados conseguiram sua separação do Brasil, declararam a independência e proclamaram Bento Gonçalves seu primeiro presidente. O novo país se estende por 460 quilômetros quadrados e vai do estado brasileiro de Santa Catarina ao rio da Prata. Do oceano Atlântico à Argentina.
As planícies do Uruguai são anexadas, atendendo aos anseios dos fazendeiros, que desejavam reviver a Província Cisplatina. Segundo o historiador gaúcho Décio Freitas, esse poderia ser o cenário do Rio Grande após a vitória dos farrapos. “Os estancieiros do sul do estado, principais arquitetos do movimento, queriam livre acesso ao outro lado da fronteira, onde criavam e negociavam gado”, diz Décio. O português, idioma dos fazendeiros e colonos mais antigos, já era falado do outro lado da fronteira e seria declarado língua oficial. “No entanto, expressões regionais, influenciadas pelos guaranis, charruas e outros povos indígenas, gerariam tantas variações que o dialeto local se tornaria ininteligível para os brasileiros”, diz Gilvan Müller de Oliveira, do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Lingüística da Universidade Federal de Santa Catarina. Ou seja: o novo país – a República Rio-grandense – falaria uma nova língua.
A economia se desenvolveria muito depressa, impulsionada pela receita gerada com criação de gado e produção de carne seca. “As estâncias e charquearias eram empresas prematuramente capitalistas, utilizavam trabalho assalariado e foram responsáveis por sucessivos superávits que fizeram do estado um dos mais prósperos do Império”, diz Décio. É provável que a República Rio-grandense se voltasse para o exterior e, se superasse antigas rixas e confrontos fronteiriços, passaria a ter nos argentinos importantes aliados comerciais e políticos. O porto de Montevidéu seria um grande pólo de comércio exterior, rivalizando com Buenos Aires.
Porém, esse não seria um país de imigrantes. A ocupação da República Rio-grandense seguiria um rumo muito diferente, depois da separação do Brasil. Aqui, com o apoio do governo imperial, alemães e italianos, entre outros, chegaram no fim do século 19 e no início do século passado. Além da fronteira, esses fluxos migratórios não aconteceriam e a maioria da população seria descendente de portugueses, índios e espanhóis. Os imigrantes que aos poucos transformariam a economia local – introduzindo o artesanato, estabelecendo laços comerciais com seus países de origem e desenvolvendo a indústria calçadista, mecânica e metalúrgica, entre outras – simplesmente não viriam. Para Décio Freitas esse fato talvez fizesse, no longo prazo, com que a República Rio-grandense se tornasse um país pobre e atrasado. “Atualmente, 80% do produto interno gaúcho vem da metade norte do estado. Ou seja: a região da Campanha, que patrocinou a revolta, agora é a mais pobre e decadente”, afirma.
E o Brasil sem a República Rio-grandense, como seria? Segundo Décio, o irredentismo gaúcho gerou uma cultura de oposição ao poder central que explodiu na revolta dos farrapos, mas que esteve presente em diversos momentos da história do Brasil. Essa postura teve influência decisiva no fim da República Velha, na década de 1920. Os políticos gaúchos foram a principal oposição ao predomínio de São Paulo e Minas Gerais, primeiro sob a liderança do senador Pinheiro Machado – assassinado em 1915 –, depois compondo a Aliança Liberal. Derrotado nas urnas, o movimento pegou em armas para levar o gaúcho Getúlio Vargas ao poder, iniciando um processo inédito e irreversível de mudanças sociais, políticas e econômicas no Brasil.
Parte expressiva da produção agrícola e industrial, da força de trabalho e da capacidade intelectual do Brasil seria perdida. O Sul é a região com melhores índices de empregabilidade, educação e desenvolvimento humano. Mas o novo país não seria necessariamente melhor que o restante do Brasil e também teria uma série de desafios a enfrentar. Entre eles, a falta de uma unidade cultural, divergências políticas, crise energética e dificuldade em obter certos produtos ou matérias-primas.
Sem Itaipu o Brasil  abriria mão de uma das maiores hidrelétricas do mundo, a principal fonte de energia seria o carvão mineral. A energia eólica teria que receber mais investimento e o país teria que importar gás natural da Argentina, além de ampliar hidrelétricas do rio Uruguai. Sem produção local de petróleo, o preço dos combustíveis dobraria.
O principal setor da economia riograndense afetaria a mesa do cidadão brasileiro. A região produz quase todo o trigo, a maior parte do arroz, mais da metade da cebola e um terço da batata inglesa, soja e milho do Brasil. A República Rio-grandense também exportaria cevada para todas as cervejarias brasileiras, mas por outro lado teria que importar cacau e café.
A maioria do presunto consumido no Brasil seria importado, já que o Sul é referência na produção de frangos e suínos. Um terço do leite brasileiro também viria da República do Mate. Já o tradicional churrasco gaúcho seria afetado pela falta de carne. O novo estado produziria menos gado bovino que São Paulo.
A República Rio-grandense seria uma potência do setor metalmecânico. A região abriga siderúrgicas, montadoras de caminhões, carrocerias, reboques e retroescavadeiras. Além disso, o Brasil dependeria do vizinho para manutenção e ampliação do transporte coletivo, já que cerca de 70% dos ônibus brasileiros são montados na região Sul.
A política externa da A República Rio-grandense seria bastante voltada para os países da região platina - Argentina, Uruguai e Paraguai. Sem produzir gasolina, uma opção seria investir no etanol. Atualmente, a região Sul abriga apenas 7% das plantações de cana-de-açúcar brasileiras. Além de um Banco Central e uma moeda própria, tendo que providenciar um código de ligação internacional (DDI) e um domínio de internet. Com a redução na capacidade agrícola, o Brasil provavelmente desmataria ainda mais a Floresta Amazônica para abrigar novas plantações. A produção escoaria pelos portos de Rio Grande (RS), Itajaí (SC) e Paranaguá (PR). A posição estratégica deles reduziria deslocamentos e gastos com transporte. O espeto corrido, hoje uma das expressões da culinária brasileira no exterior, não existiria. Sangue de Boi seria um vinho importado e Gisele Bündchen, mais uma top model estrangeira. 
República do Rio de Janeiro
Capital: Rio de Janeiro
Ex-capital do Brasil, o Rio tem um sentimento de autonomia em relação ao resto do país que o faria optar por ficar sozinho com seu petróleo – extraído da Bacia de Campos, a maior reserva do Brasil – e seu turismo. Estaria para a América do Sul como Cingapura está para a Ásia, pois contaria com um dos portos mais movimentados do mundo, com turistas de todas as partes e uma elite cosmopolita.
República dos Inconfidentes
Capital: Belo Horizonte
Um país formado por Minas Gerais e Espírito Santo configuraria um “acordo ganha-ganha”. Econômica e politicamente forte, Minas enfim teria a sua saída para o mar. O Espírito Santo, por sua vez, vestiria a carapuça de praia dos mineiros – mas, para isso, barganharia bastante e ganharia poder na negociação dos interesses regionais. Católica até a medula e dona de um importante patrimônio histórico, a República dos Inconfidentes se assemelharia bastante à Espanha.

Guerra em todo canto
1. Acre
A Bolívia poderia pedir o Acre de volta. Mas, como a fronteira é meio vazia e os fazendeiros da região são brasileiros, seria mais fácil os acreanos tomarem mais um pedacinho da Bolívia.
2. Noroeste da Amazônia
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia já ocupam essa parte da floresta e continuariam ali. A população local, alguns índios ianomâmis, não teria a vida afetada pelas Farc.
3. Roraima
Um racha no Brasil poderia ser um prato cheio para a Venezuela tentar avançar em Roraima. Acuada, a população local procuraria asilo na Guiana.
4. Amapá
A divisa da Guiana Francesa com o Amapá é a maior fronteira terrestre da França, que tentaria aumentar sua extensão global. Atraídos pela qualidade de vida européia e pelos euros, os brasileiros da região poderiam abraçar a idéia.
5. Alagoas e Sergipe
São dois “estados-tampão”, criados para não deixar a foz do rio São Francisco nem com a Bahia nem com Pernambuco. No fim da disputa, é provável que um armistício entregasse Alagoas a Pernambuco e Sergipe à Bahia.
6. Paraná
Também racharia. O norte do estado, parecido com o interior paulista, ficaria com os Estados Unidos do Sudoeste. Já o sul, identificado com a cultura gaúcha, integraria a República Rio-grandense.

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