COMO SERIA SE O URUGUAI AINDA FOSSE BRASILEIRO?
O Mercosul não existiria. E o Brasil, um império do futebol, teria
outras e mais complicadas desavenças do que a bola com a Argentina.
Que maravilha! Seriamos soberanos absolutos no
futebol. Nas escolas, as crianças talvez aprendessem duas línguas oficiais, o
português e o espanhol. Se bem que, até cerca de 1870, metade da população
falava português. "À época, o governo teve de baixar normas para obrigar o
ensino de espanhol", afirma a historiadora Heloísa J. Reichel, da
Unisinos-RS. E a Cisplatina (que quer dizer "do lado de cá do Rio da
Prata") deixara de ser um território brasileiro havia quase meio século...
Em 1824, Dom Pedro I instalou um governo na região após o general Carlos Frederico Lecor expulsar os portugueses, ao fim da Guerra de Independência. Lecor distribuiu 30% do território para fazendeiros gaúchos (alguns estão la até hoje). "Os brasileiros tiveram uma política imperialista na Cisplatina, em contraste com o ideal republicano de José Gervásio Artigas, líder dos uruguaios", diz a historiadora Laís Olivato, da USP. Fazendeiros uruguaios, então, decidiram se unir à Argentina e declararam guerra ao Brasil. Os portenhos aderiram à causa, e 8 mil soldados brasileiros morreram. Mas o conflito resultou num impasse. A Inglaterra resolveu a questão. Interessada em reabrir o comércio no Rio da Prata, fez os dois países engolirem um tratado de paz, que criou a Banda Oriental do Uruguai em 4 de outubro de 1828.
E, por pouco, evitou que a Argentina se transformasse em nosso rival de morte na América do Sul. Fosse a Cisplatina brasileira, é de se supor que a região teria tensões permanentes na fronteira, definida pelo rio.
Em 1824, Dom Pedro I instalou um governo na região após o general Carlos Frederico Lecor expulsar os portugueses, ao fim da Guerra de Independência. Lecor distribuiu 30% do território para fazendeiros gaúchos (alguns estão la até hoje). "Os brasileiros tiveram uma política imperialista na Cisplatina, em contraste com o ideal republicano de José Gervásio Artigas, líder dos uruguaios", diz a historiadora Laís Olivato, da USP. Fazendeiros uruguaios, então, decidiram se unir à Argentina e declararam guerra ao Brasil. Os portenhos aderiram à causa, e 8 mil soldados brasileiros morreram. Mas o conflito resultou num impasse. A Inglaterra resolveu a questão. Interessada em reabrir o comércio no Rio da Prata, fez os dois países engolirem um tratado de paz, que criou a Banda Oriental do Uruguai em 4 de outubro de 1828.
E, por pouco, evitou que a Argentina se transformasse em nosso rival de morte na América do Sul. Fosse a Cisplatina brasileira, é de se supor que a região teria tensões permanentes na fronteira, definida pelo rio.
12ª Economia
O Uruguai seria só o 12º estado mais rico do país. Parte do caixa uruguaio é abastecida pelo dinheiro que
entra porque a nação é um paraíso fiscal. Restaria a produção pecuária, o que
consolidaria a posição do Brasil como maior exportador de carne do planeta.
Considerado o PIB per capita, a Cisplatina estaria em 5º lugar.
Miscigenação
Montevidéu foi fundada em 1726 por espanhóis, interessados em
criar uma base militar. A maior parte dos índios dali já havia desaparecido.
Com a integração ao Brasil, a colonização da área teria maior miscigenação. È o
que sugere os números. Hoje, no Uruguai, são 88% brancos, 8% mestiços
e 4% negros (quase não há índios). E
no Rio Grande do Sul, 82,3%, brancos
5,9% negros, 11,4% pardos e 0,4% índios.
“Super-Farroupilha”
José
Gervásio Artigas, o herói uruguaio, estaria entre os líderes da Guerra dos
Farrapos (1835-1845). Bento Gonçalves obteve armas e dinheiro com o apoio secreto
de uruguaios, que vendiam o gado gaúcho, furando o bloqueio naval no Brasil. Ao
comprovar essa aliança, o Império acusou Bento de traição, o que retardou um
acordo de paz. Não é difícil supor que, com a ajuda formal dos uruguaios, a
Revolução Farroupilha fosse mais longa.
Se é que Cisplatina, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, vitoriosos não
decidissem formar um novo país.
Azul e
branco
O
uniforme canarinho não existiria. Até a derrota na final da Copa de 1950
(justamente para os uruguaios), o traje era branco, com detalhes azuis. Após o
trauma, veio a camisa verde e amarela
Heptacampeão?
Temos 5
títulos mundiais e eles têm 2. Se fôssemos um só país, ou a Copa de 1930 não
seria lá (eles venceram) ou a de 1950
não seria aqui ( Brasil e Uruguai decidiram). Mesmo assim, em 1930, eles eram
quase imbatíveis. E, em 1950, a soma do talento brasileiro com a raça uruguaia
era insuperável.
A Seleção
Brasileira seria:
1.
Muslera
2.
Daniel Alves
3.
Lúcio
4.
Lugano
5.
Ralf
6.
Álvaro Pereira
7.
Forfán
8.
Ramires
9.
Suárez
10.
Ganso
11.
Neymar
Técnico:
Oscar Tabárez
Sem Mercosul
Dificilmente
o pacto sairia do papel, já que as duas maiores economias do bloco teriam
provavelmente tensões territoriais. O Brasil seria obrigado a arrumar outros
fornecedores de trigo, um dos principais produtos importados da Argentina hoje
pelo país. E o pão seria mais caro.
Fonte: Revista Aventura na História, Setembro
2011, Edição 98, Editora Abril